04.08.13
"Acercam-se da mangueira, os braços cruzados de Branquelas e Noite Escura servem de cadeirinha e apoio aos pés de Meia de Leite para um primeiro impulso que o alcandora ao ramo mais acima. Segura-se a ele com os braços, eleva as pernas e enrola-as à volta do tronco forte do ramo, endireita-se, está em cima da mangueira. Vejam daí de baixo onde estão as mais maduras e vão indicando para eu lá chegar. Mais acima um bocadinho, trepa ao outro ramo, isso, chega-te mais à frente e estica o braço, logo aí tens duas amarelinhas. Vai deixando cair que as apanhamos aqui. No ramo do lado tens mais três, e por aí fora até que meia dúzia delas tinham sido colhidas. Agora cá para baixo que as vamos comer.
Meia de Leite olhou para trás, estava afastado do ramo principal, bastante mesmo e agora se dava conta de que este, muito mais fino e menos resistente, começava a dar uns sinais estranhos. Começou por dobrar-se mais do que esperava e um estalo por baixo do seu corpo deixou-o de sobreaviso. Pânico, o ramo estava a partir-se e, daquela altura, se caísse, ia partir a cabeça pela certa. Tentou retroceder rapidamente para evitar a queda, já não foi a tempo. O movimento rápido acelerou a quebra do ramo. Meia de Leite viu-se a voar que nem passarinho, mas sem asas, e sem asas só podia cair, assim foi, caiu."