14.09.13
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Só muito raramente se assistia a uma operação como esta que envolvia tantos guerrilheiros, só se assistia a ela pelo simples facto de que, o movimento, precisava de dar, urgentemente, sinais de vida, de mostrar que estava actuante e que ainda conseguia efectuar ofensivas de grande calibre. Destes sinais, dependia a sua sustentação em termos das participações que recebia dos países que os apoiavam, sem resultados, as ajudas tinham vindo a decrescer chegando a um ponto insustentável, só esta acção revitalizaria toda a confiança no movimento, sem isto seria o fim a breve prazo.
Branquelas deu as indicações necessárias, sairiam dali em direcção à base evitando fazer-se notar, não que receasse de imediato a acção militar naquela zona, afinal estavam nas terras de outro país, mas todo o cuidado era pouco. Nada de conversas, fumar era proibido, entender-se-iam por sinais e, em caso de algum perigo, fariam o que estava combinado, desviarem-se uns dos outros, alargarem a área de procura, para que entre eles houvesse mais espaço e a procura fosse dificultada.
Seguiram pela chana, capim alto, mais alto que eles, não conseguiam viam nada à sua volta, também ninguém os conseguia ver a eles. A única coisa que os poderia denunciar era o ligeiro restolhar que, ouvidos atentos e apostados em os detectar, poderiam de imediato relacionar com o caminhar de seres humanos que os animais faziam outro tipo de ruídos. Por mais cuidado que tivessem tinham sempre de produzir estes pequenos ruídos, fosse a afastar o capim ou a pisar algum galho mais seco e, neste silêncio absoluto que a noite produzia, onde só se ouviam o piar das aves noctívagas, soavam como badaladas de sinos, estrondosos.
Aquele ruído de hélices de helicóptero que lhe pareceu ouvir ao longe, minutos atrás, soaram-lhe agora na cabeça, mais nítidos e mais aterradores. Os comandos, transportaram-nos para o teatro de operações. Agora estava mais acutilante nos seus pensamentos, se os trouxeram de helis de certeza que vão atravessar o rio e fazer a perseguição Zazânia dentro, temos de redobrar cuidados, simultaneamente fez sinal aos companheiros levando o dedo indicador aos lábios e fazendo-o rodar à volta do pulso, sinal de helis na zona.
Agora o silêncio que já era brutal, acentuou-se e até os movimentos de afastar o capim se tornaram mais lentos. Na noite, só as aves se faziam ouvir. Branquelas levanta os olhos para o céu, não estava uma noite muito escura mas tinha a sensação que estava a escurecer, mais. Reparou nas nuvens, fiapos de uns e de outros lados estavam a construir outras maiores, estavam a juntar-se e, as maiores, já se notavam mais negras, ia chover e aqui quando chove, chove mesmo, tinham de alcançar terreno mais alto antes dela cair ou sujeitavam-se a ficar encurralados na lama que produziriam ao contacto com o solo e aquela terra árida e seca onde só o capim se desenvolvia com a humidade subterrânea."