10.01.17
E afinal, apesar das diferenças, também temos alguma coisa comum.
Ambos somos retornados!
Tu vindo de Paris, eu vindo de Luanda!
Cidades distantes, na Europa e em África.
Mas ambos olhamos para o mesmo lado, o da liberdade, o da justiça, o da igualdade entre os iguais.
E de todas as vezes que nos encontrámos, logo reconheci que havia mais entre nós, o gosto pelas coisas belas, o prazer da gula e da boa comida, porque sempre nos encontrámos em restaurantes ou tasquinhas de petiscos que eu adorava e de que tu fazias gala nos teus prazeres.
A última vez foi no Zambézia, gostavas de lá ir, já te encontrei fraco durante o almoço, triste porque a tua companheira tinha ido um mês antes.
Mesmo estando em mesas separadas, não deixei de te apreciar e ao saíres levantei-me, por respeito e educação, para te cumprimentar e receber de ti um aperto de mão e uma palmadinha no ombro, mais umas palavrinhas trocadas e a certeza que te sentias muito só.
Vais-te agora tu, e deixas um legado que muitos não apreciarão, mas eu, que nada te devo de especial, agradeço, pelo alcance que tem neste pequeno País e no seu povo, a liberdade.
Espero que as novas gerações tenham presente a riqueza do que nos deixas e pela qual lutaste.
Obrigado Mário Soares.