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Caneta da Escrita

Temas diversos, Crónicas, Excerto dos meus Livros.

Temas diversos, Crónicas, Excerto dos meus Livros.


17.07.14

 

Era uma vez um País, que de repente achou que devia deixar de apoiar tudo e todos, o dinheiro do Estado não podia ser utilizado para esses ditos vulgares absorvedores de subsídios e outras coisas do género.

 

Declarou que todos eram iguais e que portanto, as grandes empresas os bancos e outras do género não iriam, também, ser ajudadas pelo Estado e no fundo, pelo dinheiro de todos os seus cidadãos. É claro que isto levantou um coro de protestos, não só dos seus cidadãos, em geral, como também de todas as forças vivas da Nação, partidos da oposição, sindicatos, etc e tal.

 

Que não podia ser, que não havia dinheiro e coisa e tal e vai daí aplica a medida, lembrando-se de antemão o que ocorrera numa grande intervenção estatal num banco em dificuldades porque além de não estar ao serviço da sociedade em que se inseria, estava a criar ricos, demasiado ricos à custa de umas engenharias contabilísticas que acabaram em fracasso rotundo, deixando porém, alguns ricos muito mais ricos.

 

Claro que o erário público foi chamado a pagar a factura, ou seja, os portugueses que nada tinham a ver com o assunto, mas que eram acusados de viverem à grande e à francesa, tiveram de alargar os cordões à bolsa para ajudar um banco que criou riquinhos mas que não têm capacidade de pagar a aberração que criaram.

 

Ora sabendo tudo isto, o responsável pelo governo achou por bem, no que foi muito aplaudido, não estender a mão, digo ajudar a salvar outro banco que se achou em determinada altura, também, em dificuldades, mesmo sendo um banco familiar e de gente que detinha muito poder no País, tanto poder que se confundia com a própria governação da Nação.

 

Pois bem, não foi ajudado, directamente, o responsável pela governação foi aplaudido e tudo parecia correr bem, tendo a tal família que arcar com as consequências. Mas como nem tudo são rosas, e para que o mal não se estendesse a outros bancos, foi criada a necessidade de substituir essa família na gestão do seu banco, levando-os a perder toda a sua importância no panorama da Nação.

 

Nomeados que foram outros responsáveis pelo dito banco, a coisa parecia correr sobre rodas, até porque o principal responsável nomeado e aceite pela generalidade dos accionistas, era tido como gente de bem e de uma seriedade a toda a prova, para prová-lo, bastava ouvir as suas declarações públicas em que verberava os cidadãos do País, acusando-os de terem vivido acima das suas possibilidades e que até era melhor baixar-lhes os rendimentos, para aprenderem a não ter essa mania de grandezas. Um verdadeiro liberal que achava que o Estado não tinha nada que se meter nos negócios privados e nem tinha de ajudar ninguém, muito menos empresas privadas.

 

Homem sério e responsável ia por as coisas nos eixos, mas tinha um problema, logo que assumiu o comando do tal banco, viu que afinal nada conseguia fazer sem a ajuda do Estado, de nós todos. Como iria então resolver o assunto? Muito facilmente, recorria à ajuda que a Europa tinha concedido a todos os governos através de um fundo de ajuda à capitalização dos bancos, nunca aos cidadãos dessa mesma Europa. Lindo.

 

Assim e para finalizar a estória concluiremos com um devaneio da mente sobre este hipotético País que, se por acaso se assemelhar com alguma realidade é pura coincidência.

 

O responsável do governo é aplaudido por não ajudar o dito banco, uma nova administração é nomeada e a ajuda que parecia negada pelo responsável do governo entra pela porta dos fundos através do tal fundo de capitalização dos bancos cedido pela generosa Europa.

 

E por isto se dizia que directamente o banco não foi ajudado, mas por portas e travessas, matam-se dois coelhos de uma só cajadada, aparece-se publicamente como salvador das finanças públicas e por baixo do pano da mesa, lá vai dinheirinho para a ajuda, não só do tal banco como do tal super gestor que era avesso a essas ajudas e os que eram maus por viverem acima das suas possibilidades, lá iam entrar de novo na roda viva de pagar aquilo que de que não beneficiaram e de que não tinham culpa nenhuma.

 

Linda estória, não vos parece?


16.07.14

 

Era uma vez um País, como tantos países tinha os seus problemas, mais criados pela política que se dirimia acerrimamente entre os vários partidos existentes, mas sobretudo entre os que eram considerados, pela expressão dos que neles votavam, os maiores. Tinha também coisas boas, muito boas mesmo, bom sol, boas praias, gente amável e ordeira, enfim uma verdadeira sociedade moderna em que nem o facto de haver muitos idosos era problema pois, a entreajuda geracional funcionava em pleno.

 

Um dia, sem que ninguém tivesse dado por ela, apareceu uma coisa estranha, um monstro mesmo, que se resolveu se denominaria por “crise”. Chegou e instalou-se sem que ninguém percebesse porquê ou por causa de quê. Mas de imediato surgiram espertos na matéria, formados pelas melhores escolas superiores do País e até de outros países, o que lhes dava mais credibilidade.

Porém, estranhe-se ou não, todos estes especialistas andavam por ali distraídos e nunca deram pelo tal monstro, nem sequer imaginavam que existisse.

 

Logo aventaram razões, que era do excesso de endividamento, que era o governo que não governava bem e gastava demais e com promessas imensas de boa governação, baixa de impostos e outras coisas boas, conseguiram que o governo se pusesse a andar, acabando por substituí-lo com tantas boas promessas que, logo se mostraram ferozes mentiras. A agravar a situação, consta que esse governo foi corrido com ajudas quase impossíveis, antagónicas até, é que o espectro político varria uma área da esquerda à direita e todas estas forças se juntaram para dar um empurrãozinho ao governo que poderia considerar-se do centro/esquerda.

 

Para além disso as vozes dos espertos também vociferavam no sentido em que era, também, porque as gentes compravam casas a crédito, que viviam acima das suas possibilidades, até faziam férias no estrangeiro, sobretudo porque havia muitos idosos que tiravam os empregos aos mais novos. Falácias de ocasião esfarrapada que tantas vezes ditas acabam por parecer verdades.

 

Toca a cortar, e cortar mais ainda e levantar as questões da idade dos mais antigos para garantir emprego para os mais novos e etc, etc, e tal.

Claro que nada disto resultou porque tanto cortaram que as gentes ficaram depenadas e sem possibilidade de fazer funcionar aquilo de que tanto gostavam de falar, o “mercado”, livre e aberto sem ajudas do Estado. Uma linda ideia sem resultado prático, o mercado afundou, as empresas fecharam portas e o emprego que os idosos tiravam aos novos, depois de tanto os empurrarem para a reforma, acabou por desaparecer com a falência e encolhimento das empresas, mas os idosos? Esses, juntamente com os jovens desempregados, engrossaram o rol dos que vivem das reformas, magras é certo, pagas pela segurança social, uma coisa que existia desde tempos remotos com o fim de pagar as reformas a quem para lá descontava e também ajudar quem precisava e se encontrasse em situações difíceis, mas agora a deitar fumo de tanto esforço.

 

Chegamos pois, ao fim da felicidade que se vivia num País solidário como era este, pois o descalabro tornou-se quase ingovernável, as promessas foram com o vento e o sapo foi engordando na medida em que ia retirando gordura às gentes e de tantos espertos que existiam no tal País nada se sabe ao certo porque a realidade os ultrapassou. Vieram uns senhores de gravata e fato cinzento para ensinar como governar o País e mesmo que se enganem muito, nada há a fazer pois mais ninguém os consegue substituir.

 

Ensinam a cortar ainda mais dão indicações de onde e, por estranho que pareça, os espertos do País não conseguiram perceber bem e por isso cortam nuns lados mas não cortam noutros, vá-se lá saber porquê. Só não se percebe é porque razão, os que os ajudaram a tomar o lugar que pertencia a outros, passassem a desancá-los desalmadamente, parece que por arrependimento de os terem ajudado?

 

De um País bonito e alegre se fez uma tristeza sem fim à vista com alguma vantagem, sejamos claros, o País em causa melhorou bastante após todas estas investidas. As gentes é que são ingratas e não percebem nem agradecem o bem que lhes fazem e vai daí, dá-lhes para morrerem nos hospitais por falta de materiais ou assistência medicamentosa, ou ainda, os mais arrojados, de fome ou suicídio e até deixaram de ter filhos o que deixa o País numa situação de quase inexistência, porque um País sem gente o que é? Nada.

...


14.07.14

Humanidade???

 

Na verdade não sou insensível ao sofrimento que os palestinos estão a sofrer neste momento, mas não quero olhar só para um dos lados, recuso-me a catalogar uns como bestas assassinos e outros como anjos caídos na terra, recuso-me. Recuso-me porque sei que as coisas não são a preto e branco e ambos têm as suas razões que eu gostaria se aproximassem, acredito que é difícil mas não impossível, afinal... a terra é um planeta onde todos habitamos e só precisamos de nos respeitar uns aos outros coisa que por aqueles lados não abunda, quer de um, quer de outro lado. Desconto as inúmeras fotos que aqui reproduzem tanto sofrimento, infelizmente só as vejo de um dos lados, acredito que o outro não as queira expor e acho bem que isso só alimenta os ódios e rancores que se acumulam mesmo de quem opina estando longe e no remanço de países em que nada disto se passa, mas comentam com o saber e o conhecimento do mundo, na certeza que grande parte delas nem são do local em questão. O que me levou a escrever este pequeno texto, foi somente uma foto, só uma foto que vi aqui espelhada e que demonstra bem que a humanidade está a perder o sentido do ser humano que é. Uma foto em que alguns israelitas se sentavam no cimo de um monte a assistir à agonia dos bombardeamentos feitos sobre Gaza, lamento que isto fosse motivo de romagem e pic-nic quando tantos irmãos seus, de outro credo talvez, mas irmãos perante aquele que nos criou à sua semelhança estavam a passar um momento terrível. É triste ver que a humanidade desceu tanto.

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