28.01.14
Pois sim, estou velho, velhíssimo na perspectiva do governo.
Já devia ter morrido, desaparecido para sempre, para evitar mais uma reforma que mesmo sendo paga com o fundo principesco com que foi brindado para tapar mais um buraco, ainda assim é uma reforma a pagar.
Mas o raio da coisa, que tudo atrapalha, é que não há meio que isso aconteça e, para falar verdade, que isto é um segredo que agora vos conto, farei o possível para a retardar, quanto mais não seja, para os castigar por tanta teimosia em me tratar de forma tão xenófoba.
Adiante, que o que eu queria era falar da idade do”porquê?”.
Apesar de tão velhinho, ainda me considero na idade do porquê? E até vos conto porquê.
Para início de conversa o primeiro porquê?
Porque razão era um Social Democrata convicto? Porquê?
Porque punha os olhos nos países nórdicos, aqueles cuja riqueza de vida é exemplar e nada me levava a crer que possuíssem riquezas extraordinárias para terem uma civilidade, uma organização, uma sustentação que justificasse um nível de vida tão exemplar dos seus cidadãos.
Mas havia uma razão para tal, há sempre uma razão, e essa aparece quando verificamos o nível, a vida, a ética e a responsabilidade dos seus deputados e representantes do poder público, aqui sim, em prol dos seus cidadãos e da sua Nação. Sobretudo verifica-se que as mordomias são inexistentes e o serviço público é referenciado exactamente como tal, serviço público e não serviço ao serviço de lobbys e outros interesses obscuros que potenciam a podridão que representa a imensa corrupção que conhecemos e o compadrio entre público e privado que nos agonia nos nossos deputados.
Portanto eu acreditava que era possível lá chegar através da Social Democracia, tal como o preconizava o saudoso Sá Carneiro.
Depois há o segundo porquê?
Porque razão ao fim de tantos anos resolvi abandonar a Social Democracia como ideologia do partido dominante da nossa esfera política? Porquê?
Porque o que aqui se configura, neste partido, actualmente, não tem nada de Social Democracia e apelando aos meus fracos conhecimentos da coisa, posso até adiantar que o que eu vejo é um mero partido de uma direita ultra-liberal apostado no que o mundo e o próprio partido condenam, a xenofobia.
E são-no exactamente no pior sentido, porque a exercem contra quem já não tem formas de dela se defender, ou seja, estamos perante uma xenofobia com laivos de uma cobardia extrema, atacando os fracos com toda a força do seu poder legislativo, isento os fortes pela força dos seus lobbys sobre o próprio governo da Nação.
Como tal, abandonei esta espécie de gente que nada me diz no plano da civilidade e boas práticas de gestão da Nação.
Mas não pensem que abandonei a Social Democracia, não isso não abandonei, porque ainda considero que é a única resposta civilizada ao nosso mundo cão, só precisa das pessoas certas para a levar a cabo e essas não estão presentes no partido que a defendia, neste momento.
E o terceiro porquê?
Porque razão acho que ao votar devemos pensar duas vezes antes de por a cruzinha num dos quadrados disponíveis? Porquê?
Porque esta é a nossa responsabilidade perante o descalabro que tem sido a política neste País. Temos de ter a certeza que não embarcamos de noivo em promessas que se tornam ameaças no dia imediatamente a seguir a serem eleitos, em promessas que são incumpridas, truncadas e até vilipendiadas com desculpas esfarrapadas de que não sabiam o que iam encontrar.
Pois se não sabiam o que iam encontrar, nunca se deveriam candidatar ou sequer prometer fosse o que fosse e sobretudo transformarem-se no que tem sido o pior exemplo de governação de que há memória e as desculpas do mercado não colhem, porque somos parte desse mercado e não queremos ser um mercado de escravos.
Eis pois, alguns “porquê?”, e mais haveria mas a conversa já vai longa, fica para novas oportunidades que se deparem.
Agora pensem, “porquê?” votar neste ou naquele? “Porquê?” votar em quem tanto nos tem amesquinhado? “Porquê?” votar em quem não respeita o que de mais respeitável existe numa sociedade que se quer coesa e solidária, a velhice dos seus anciãos, os guardiões do tempo passado, os sonhadores dos futuros portugueses?