10.06.18
Cumpre-se, hoje, mais um dia de Portugal, perdoem-me ficar só por aqui.
Neste dia são homenageados aqueles que passaram além da Taprobana, que dobraram o cabo Bojador, os que defenderam a pátria, os que se notabilizaram de qualquer modo, de forma a serem publicamente reconhecidos como tal.
Também é neste dia que se homenageiam os combatentes do ultramar.
Felizmente há este dia para os homenagear, digo felizmente, porque durante o resto do ano são pura e simplesmente ignorados, olhados com desdém e até amaldiçoados, não se lhes dá nenhuma atenção nem se honram os princípios que os levaram a sacrificar-se, e a sacrificar as próprias vidas, em prol de uma nação que não os recebe como verdadeiros heróis, que o foram em situações bem difíceis.
Resta-lhes a fria listagem dos nomes em painéis pendurados num muro em que se pede silêncio e recolhimento ao visitante e, todos os anos, uma coroa de flores.
Hoje ser herói é ser jogador de um clube desportivo ou da selecção nacional, como está agora em voga.
Hoje ser patriota é desfraldar a bandeira nacional sempre que há jogos de futebol em que a selecção é participante.
Hoje ser herói é muito pequenino.
Ser herói nestas circunstâncias demonstra a que ponto chegou este país em que amiudadas vezes se troca a honra pela hipocrisia.
Não se conhecem as letras.
Não se sabe a história Nacional.
Não se conhece o hino Nacional.
Não se sabe até o que significa o feriado do 25 de Abril ou mesmo o de 10 de Junho.
Mas conhecem-se os nomes dos jogadores da selecção.
E, todos babados, olhamos para os nossos filhos quando os vemos discutir futebol ou a vida dos Ronaldos da bola.
Que futuro será o nosso se não honramos nem nos orgulhamos do passado.